Gil Cultura Viva.
Um dos principais promotores de que pode-se considerar a maior política cultural criada no Brasil junto com o historiador Célio Turino.
Por Walter Porto & Marina Lourenço
Gilberto Gil é eleito como novo imortal da Academia Brasileira de Letras. Escolha do cantor, uma semana após Fernanda Montenegro, indica guinada na concepção de cultura da entidade.
O cantor e compositor Gilberto Gil, de 79 anos, foi eleito na tarde desta quinta-feira o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras. Com 21 votos, ele venceu uma disputa com o poeta Salgado Maranhão, que teve sete, e o escritor Ricardo Daunt.
Ministro da Cultura de 2003 a 2008, durante o governo Lula, Gil é um dos principais expoentes do movimento tropicalista, responsável por uma revolução na música e na estética brasileira a partir dos anos 1960.
O artista ocupará a cadeira 20, que já pertenceu ao general Lyra Tavares, que foi ministro do Exército e assinou o AI-5, em 1968 —Gilberto Gil foi uma das vítimas do ato.
Mas a verdade é que Gil dispensa apresentações. A escolha de uma das figuras mais conhecidas da cultura brasileira para ocupar a cadeira deixada pelo jornalista Murilo Melo Filho, na semana seguinte à eleição da atriz Fernanda Montenegro, sugere que a Academia Brasileira de Letras esteja passando por uma mudança significativa.
Afinal, uma instituição acusada com frequência de se encastelar numa torre de marfim agora acolhe nomes de vasta popularidade, que se tornaram célebres em áreas alheias à literatura —os livros de autoria de Fernanda e Gil soam incidentais na escolha de seus nomes. Será que a Academia quer estender os braços a um público maior?
Presidente da entidade há quatro mandatos, o escritor Marco Lucchesi diz que ignorar a visibilidade desses nomes é “negar o óbvio”, mas que suas eleições não são motivadas por isso, e sim pela “compreensão de um senso mais amplo da cultura”.
“A Academia absorveu o conceito antropológico de cultura, no qual a literatura é um capítulo essencial, mas não exclusivo.”
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