A poesia cinematográfica de Lírio Ferreira. Ilustrada

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Acqua Movie’, novo filme de Lírio Ferreira, previu dramas de um Brasil sob Bolsonaro. Extensão de ‘Árido Movie’, longa faz apelo pela preservação dos povos indígenas e denuncia o coronelismo. 

Por Leonardo Sanches

SÃO PAULO

Em 2005, o cineasta pernambucano Lírio Ferreira acompanhou com sua câmera um repórter do tempo, interpretado por Guilherme Weber, adentrando o sertão nordestino para retornar à sua cidadezinha natal, onde o pai seria enterrado, em “Árido Movie”. Como o nome indicava, aquela era uma história sobre a secura da região, o que contrasta com a abundância de água vista agora em “Acqua Movie”, longa que retoma o personagem cerca de 15 anos depois.

De lá para cá, houve a transposição do rio São Francisco e a cidadezinha em questão, Rocha, foi afundada. Já o morto da vez é o próprio repórter de Weber, que agora motiva uma viagem aos rincões do país protagonizada pelo filho e pela viúva que deixou.

Vivida por Alessandra Negrini, Duda é uma documentarista empenhada em promover a causa indígena, que está na Amazônia quando recebe a notícia da morte do marido, pouco depois de uma discussão motivada por sua ausência na vida do filho. De volta a São Paulo, ela decide tentar reconstruir os laços com o garoto, acatando seu pedido para que as cinzas do pai sejam levadas ao Nordeste.


Começa aí um road movie que passeia por paisagens áridas e miseráveis, recortadas pelo sinuoso caminho de água que desemboca em Nova Rocha, cidade que prosperou com o líquido, embora esteja subjugada pelo coronelismo.


Ferreira então pensou em fazer uma continuação direta de “Árido Movie”, mas acabou transformando “Acqua Movie” muito mais num derivado, numa “extensão kardecista”. Ele explica que os novos personagens são como reencarnações daqueles apresentados em 2005, ligados pelo tema comum da água.

“Eu venho trabalhando com a água há muito tempo. Desde ‘Baile Perfumado’ [seu longa de estreia, de 1996] já existia essa ideia. No ‘Árido Movie’ eu trabalhei com a falta de água, mas ‘Sangue Azul’ eu filmei numa ilha, cercado por ela”, diz Ferreira. “Há uma frase que diz que, aonde chega, a água faz o resto. Meu trabalho é um pouco disso e, agora, com ‘Acqua Movie’, ela assume ares de personagem.”

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https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/06/acqua-movie-novo-filme-de-lirio-ferreira-previu-dramas-de-um-brasil-sob-bolsonaro.shtml?origin=folha

Trailer oficial

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