Fabiana Reinholz. Ana Maria Gonçalves: “A literatura pode muita coisa, mas não pode nada sozinha” . Autora de “Um defeito de cor”, escritora foi uma das homenageadas do FestiPoa Literária deste ano
“A literatura de ficção nos possibilita isso através do contato com outros mundos (exteriores e interiores), com dramas, alegrias e tragédias, com culturas às quais não teríamos acesso de outra maneira. A partir desses locais de alteridade, podemos imaginar também novas possibilidades e transformações no mundo ao nosso redor. Para isso, para um mundo em que haja maior representatividade e, consequentemente, mais entendimento e possibilidades, acredito que novas histórias precisam ser contadas. Histórias que fujam à produção hegemônica do mercado editorial brasileiro que é composto, em grande maioria, por homens brancos, héteros, classe média ou média alta, de grandes centros urbanos do Sudeste, escrevendo sobre seus próprios universos ou sobre universos e personagens que, sendo-lhes distante física ou emocionalmente, muitas vezes são representados de maneira estereotipada e/ou exótica.”
O trecho acima é de uma entrevista concedida por Ana Maria Gonçalves à Fundação Pedro Calmon, em 2015. Hoje, em tempos pandêmicos, a literatura tem sido um bálsamo, um respiro para tempos de distanciamento e isolamento social. É neste contexto que está inserido o FestiPoa Literária de 2021, que nesta edição será 100% virtual.
Nascida em Ibiá, Minas Gerais, em 1970, Ana Maria Gonçalves é uma das escritoras homenageadas desta edição, juntamente com o poeta e escritor Sérgio Vaz. O evento começou na última quinta-feira (13) e se estende por cinco dias recheados de literatura, poesia e debates. Terá a participação de cerca de 50 artistas, como Jeferson Tenório, Antônio Pitanga, Itamar Vieira Júnior, Teresa Cristina, Conceição Evaristo, Criolo, Letrux, Ricardo Aleixo, Luedji Luna, Paulo Lins, entre outros.
A escritora mineira, autora de “Ao lado e à margem do que sentes por mim” e “Um defeito de cor” (Editora Record), ganhadora do Prêmio Casa de las Américas (Cuba, 2007), além da presença na mesa de abertura desta quinta-feira, esteve, no sábado (16), conversando com Dedy Ricardo e Fernanda Oliveira sobre seu livro “Um defeito de cor”.
Em entrevista ao Brasil de Fato, a escritora que teve contato com a literatura através de uma mãe leitora, afirma que a literatura pode muita coisa, mas não pode nada sozinha. “Um livro é tantos livros quantos são seus leitores, e cada um o lê de acordo com seu interesse, sua necessidade, sua bagagem intelectual e cultural, etc… cabe ao leitor entrar em uma leitura querendo e se permitindo ser tocado por universos e realidades até então desconhecidos.”
No link, a entrevista completa: